sexta-feira, 28 de novembro de 2008

CONSERVADORES

Vocês já notaram que, cada vez que um artista internacional dá as caras no Brasil, sente-se quase obrigado a tocar antigos sucessos?

Pode ser porque esses artistas demoram a aparecer por aqui. Mas - podem ver - se não o fizerem, no meio do show o público já começa a gritar por tais músicas (decerto as únicas que sabem cantar algum pedaço).

A impressão que me dá é a de que nós, brasileiros, não temos muita vontade de procurar músicas novas. Somente as antigas nos satisfazem. E não é qualquer música antiga! Há de ser os clássicos, aqueles que tocaram milhares de vezes nas rádios de suas épocas, e que até hoje aparecem perdidos nas suas programações.

A rejeição ao novo leva-nos a ouvir frases do tipo "essas bandas de hoje não estão com nada, bom mesmo é o que se fazia na década de 70". Ou, ainda, algo como "gosto do Metallica, mas só dos primeiros álbuns, hoje não presta mais".

Para mim, isso não passa de um conservadorismo musical. Sou totalmente contra esse tipo de comportamento. Por isso, vivo procurando coisas novas para ouvir, até para não encher o saco das mesmas coisas.

Agora, por favor, me dêem licença, pois vou ouvir um Led Zeppelin. Stairway to Heaven, é claro!

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

FALTA D'ÁGUA NA CABEÇA...

O rompimento das adutoras da CASAN, provocado pelas chuvas recentes (e duradouras), revelou um problema na sustentabilidade da região: a fragilidade dos recursos hídricos na Grande Florianópolis.

Cada município deveria ser responsável pela sua água. O problema é que, na maior parte dos municípios da Grande Florianópolis, os mananciais capazes de abastecê-los estão ou saturados ou poluídos. Assim, restam poucas opções, como o Rio Pilões, nas quais ficam concentradas toda a captação de água.

O resultado é que, se há algum problema nesses locais - o rompimento de uma adutora, por exemplo - alguma parte do sistema, ou todo ele, fica sem água. Se a captação fosse descentralizada, porém com distribuição interligada, seria mais fácil transferir água de um sistema para outro numa emergência.

Falhas de planejamento governamental à parte, nem o melhor dos sistemas funcionará se a demanda por água for superior à capacidade do meio. Por isso, é necessária alguma providência quanto à pressão populacional exercida sobre a Grande Florianópolis.

Afinal, concentrar a capital do Estado, um pólo turístico, incubadoras tecnológicas e distritos industriais em um local repleto de morros, com poucos rios importantes, é pedir para dar errado. Ainda mais com uma ilha e várias áreas de preservação no meio disso tudo.

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

SARCASMO

Agora que a barreira na SC-401 em Florianópolis desabou mais uma vez, fico imaginando a brilhante idéia que tiveram, de planejar um cemitério próximo àquele terreno. Espero que nunca venha a ser implantado.

Afinal, essa idéia de jerico permitiria a repaginação de uma piada de português. Aquela, do avião que caiu em cima de um cemitério em Lisboa. Imaginem a manchete:

"Barreira desaba na SC-401 em Cacupé. Bombeiros de Florianópolis já retiraram 450 corpos."

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

UM POUCO DE CRIMINOLOGIA

Quando estava no processo de doutrinação marxista, digo, no Curso de Direito da UFSC, era comum ouvir de alguns professores (e de muitos alunos) que as causas da criminalidade estavam na condição social do indivíduo. O criminoso, portanto, era alguém que, diante da falta de oportunidades, praticava ilícitos visando a própria sobrevivência.

Nunca fui muito fã desse pensamento - e por isso tomei pau em muitas matérias "críticas". Penso que essa tese do crime como conseqüência da exclusão social pode justificar apenas uma parte da criminalidade, qual seja, a dos crimes famélicos (em estado de necessidade), as quais, por sinal, excluem a ilicitude.

Dia desses, li uma reportagem sobre um homem que encontrou um envelope com dinheiro e uma conta a pagar. Mesmo pobre de doer, ele pagou a tal conta para não prejudicar quem havia perdido o envelope.

Agora me digam: estando certa a teoria criminológica acima, não seria de se esperar que o homem ficasse com o dinheiro e que se foda a conta? Afinal, ele também é um excluído social.

E o que dizer dos vários casos de jovens de classe média que se envolvem com o tráfico de drogas? E dos crimes passionais? E dos corruptos, então? Tadinhos, tão pobres que precisam conseguir alguns milhões para sobreviver em Miami.

Sinceramente: explicar a criminalidade somente pela exclusão social é um insulto aos milhões de pobres que, apesar de tudo, insistem em viver com aquilo que conseguem ganhar trabalhando honestamente.

ENQUANTO ISSO...

Já que a chuva virou uma condição natural da existência em Floripa, mando novamente o link para um texto que escrevi faz tempos: http://escritormediocre.blogspot.com/2008/06/chuva-e-agora.html

Como vocês podem ver, continua atual.

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

LIVRE MERCADO

Há alguns meses, quando a cotação do barril de petróleo disparou de US$80,00 para US$140,00, a Petrobras elevou os preços dos combustíveis dele derivados, alegando que precisava adequá-los às cotações do mercado internacional.

Tudo bem, livre mercado é isso aí!

E agora, que a cotação do barril de petróleo desceu para US$60,00? Quando os preços dos combustíveis vão baixar?

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

AGORA QUE A ELEIÇÃO ACABOU...

...alguém pode me dizer por onde anda o tal Tapete Preto?

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

ESTATÍSTICA?

Dia desses, foram divulgadas duas pesquisas eleitorais referentes à disputa pela Prefeitura de São Paulo: uma do IBOPE e outra do Datafolha.

Muito embora ambas afirmassem ter margem de erro de dois pontos percentuais, e a população pesquisada ser a mesma, qual seja, os eleitores no Município de São Paulo, havia algo estranho: as amostras das duas pesquisas eram diferentes. Uma era de cerca de 1900 eleitores, enquanto outra beirava os 2100 eleitores.

Pode parecer banal, mas o cálculo da amostra decorre de uma fórmula matemática, a qual parte da população e da margem de erro. Logo, para mesma população e mesma margem de erro, a amostra deveria ser a mesma.

Por razões como esta tento ser crítico ao ver os resultados dessas pesquisas.


terça-feira, 23 de setembro de 2008

SALVARAM O BB E A CEF

Um complemento ao texto abaixo: Fannie Mae e Freddie Mac não são bem instituições privadas como conhecemos. Ambas são GSE (Government Support Enterprises). Apresentam gestão privada, porém com garantia (e intervenção) do governo federal dos Estados Unidos. Ou seja, assemelham-se às sociedades de economias mista existentes no Brasil.

Fannie Mae se chama Federal National Mortgage Association e Freddie Mac, Federal Home Mortgage Corporation. Numa tradução livre, são respecticamente a "Associação Federal de Hipotecas Nacionais" e a "Empresa Federal de Hipotecas de Habitação". A origem delas remonta à década de 1930 (em plena Grande Depressão), para salvar os contratos imobiliários de milhões de famílias.

Mais em http://hnn.us/articles/1849.html (texto em inglês, escrito em 2003).

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

O ESTADO NORTE-AMERICANO

O governo federal nos EUA decidiu ontem intervir nas duas maiores financiadoras do mercado imobiliário local, a Fannie Mae e a Freddie Mac. O contribuinte pagará caro pelo rombo. A linha de crédito inicial disponível é de até US$ 200 bilhões.

Há uma análise fácil sobre essa derrocada. "Os EUA seguem o "faça o que eu digo, mas não o que eu faço". Quando a economia deles está em perigo, injetam dinheiro público no setor privado. Se algum país pobre faz igual, é execrado."

Essa é só parte da verdade, muito a ver com o cinismo capitalista acima do rio Grande. Mas é recomendável cautela com alguns pressupostos míticos a respeito dos EUA. Primeiro, que o país seja adepto do Estado mínimo e sem regras. Segundo, que o dinheiro será jogado pela janela e os responsáveis pelo rombo irão veranear nas Bahamas. São duas premissas falsas.

Sobre o tamanho do Estado, um indicador basta. Em 2005 havia 4,1 milhões de funcionários públicos federais nos EUA (incluindo o 1,5 milhão de militares). No Brasil, há cerca de 1 milhão de servidores (sendo 420 mil militares).

Os EUA também são um país cheio de regras. Das agências reguladoras atuando no plano federal até os temas mais prosaicos da vida cotidiana, muita coisa tem um dedo do Estado. Basta andar pelas calçadas padronizadas de Nova York e compará-las com as esburacadas de São Paulo -sobretudo as da av. Paulista, refeitas neste ano e em vários trechos construídas acima do nível de alguns prédios.

Os responsáveis pela incúria com a Fannie Mae e Freddie Mac já foram demitidos. Receberam uma indenização inicial. Se ficar provado crime, pagarão por ele.

Já no Brasil, banqueiros falidos do Proer vivem do bom e do melhor. Vão à Justiça e pedem indenização. Alguns conseguem. Nos EUA, a história é bem outra.

(coluna do Fernando Rodrigues publicada na Folha de São Paulo em 08/09/2008; gostei especialmente da parte sobre o tamanho do Estado nos EUA e a intervenção deste na sociedade de lá)

domingo, 7 de setembro de 2008

BIO O QUÊ?

Agora que estamos lambuzados até o pescoço de hidrocarbonetos pré-salinos, gostaria de saber quando vão retomar o tal discurso sobre biocombustíveis. Faz tempo que só ouço falar de etanol nas campanhas de Barack Obama e de John McCain.

Senhor Presidente, o discurso do etanol é só para uso externo?

terça-feira, 19 de agosto de 2008

GIGANTISMO NANICO

É comum ouvirmos - nos meios de comunicação nacionais, nas salas de aula ou mesmo em rodas de bar - a idéia de que, no Brasil, o Estado é imenso, existindo um excesso de servidores públicos. Nessas horas, são muito utilizadas as expressões "máquina inchada", "gigantismo do Estado", entre outras.

Aos fatos: segundo dados do US Census Bureau (o IBGE deles), o Estados Unidos dispunham, em 2002, mais de 21 milhões de servidores públicos (2,6 milhões federais e o restante nos Estados e condados) para uma população de 281 milhões de pessoas. Ou seja 7,47% da população dos Estados Unidos era servidora pública.

No Brasil, segundo dados dos órgãos oficiais (IBGE e MPOG), em 2004 existiam cerca de 7,4 milhões de servidores (1 milhão federais, 2 milhões estaduais e 4,5 milhões municipais), aí contados efetivos e temporários. Para 186 milhões de habitantes, isso dá 3,97% da população.

Essa comparação foi feita com os Estados Unidos, país tido como terra liberal, como exemplo de tamanho do Estado, entre outros adjetivos. Ou seja, com a meca dos que cunharam as expressões ditas no primeiro parágrafo.

Vemos que, numericamente, não sobram servidores públicos no Brasil. Pelo contrário, faltam muitos. Estamos, portanto, a muitos anos de atingir o nível de serviço em países mais civilizados.

Parece-me que o problema não está no número de servidores públicos, mas na qualidade do seu serviço. Faz poucos anos que começaram a implementar a avaliação de desempenho na gestão pública brasileira (aqui, onde trabalho, esta ainda passa longe). Como esperar que o pessoal trabalhe assim?

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

PALPITE DA SEMANA

A capa da Veja desta semana terá relação com a reportagem publicada pela revista colombiana Cambio, sobre suposto envolvimento de integrantes do PT com as FARC. Será?


quinta-feira, 3 de julho de 2008

LEI UMEDECIDA

Tenho visto muitos comentários exacerbados sobre a tal "Lei Seca" (Lei 11.705/2008). Um colega chegou a afirmar que iria sair do país, pois neste o cidadão está proibido até mesmo de tomar uma cervejinha com os amigos.

Nem entraremos na questão de que o importa não é somente o rigor da norma, mas sim a certeza da punição. Beccaria já o afirmava centenas de anos atrás. Mesmo assim, essa lei não é o monstro que pintam por aí.

Exageros (e preconceitos contra o governante de plantão) à parte, convém esclarecer que ninguém está proibido de ingerir bebidas alcoólicas. Se o fizer, apenas estará proibido de conduzir veículo automotor. Se quiser deslocar-se para casa com motorista alheio (e sóbrio), ou até mesmo de bicicleta, está permitido.

Os comentários exacerbados, por puro sensacionalismo, já erram pela denominação da lei. Esta não é uma Lei Seca, uma vez que o comércio de bebidas alcoólicas continuará livre (e pujante). No máximo, trata-se de uma lei um pouquinho menos úmida.

Além disso, há um grande exagero por parte de quem fiscaliza o seu cumprimento. Muitas autoridades têm determinado a prisão em flagrante de motoristas simplesmente pela sua condição alcoólica. Ora, como bem assinalou o professor Luiz Flávio Gomes (artigo aqui), o crime de dirigir alcoolizado pressupõe não só o estar bêbado, mas também o dirigir anormalmente (que coloca em risco concreto a segurança viária).

Logo, quem está bêbado, mas não chega a perturbar a segurança viária, não pode ser preso em flagrante, pois não está cometendo crime. Claro que o carro fica apreendido até que um terceiro, sóbrio, venha a conduzi-lo. Mas nem sequer é o caso de se ir à Delegacia de Polícia. Vemos, assim, que o problema não está na norma em si, mas em quem fiscaliza o seu cumprimento.

Ademais, existem muitas questões pendentes. Por exemplo, já há manifestações de magistrados sinalizando que tal lei pode ser declarada inconstitucional. Logo, convém esperar. Por enquanto - diante da (in)sensibilidade de nossas autoridades policiais - é melhor relegar-se à condição de "gambá caseiro". Ou, pelo menos, "gambá pedestre".

quinta-feira, 26 de junho de 2008

CHUVA, E AGORA?

É, amigos, depois de algumas semanas em que Floripa viveu um verão perfeito, sob sol escaldante, calor e praia o dia inteiro, voltamos à normalidade, ou seja, choveu! Isso mesmo, chuva! Um fenômeno meteorológico que consiste na precipitação de água sobre a superfície da Terra. Vez por outra, precipitam-se também elementos químicos, lama e detritos, mas isso já seria outra história.

Todo esse tempo de sol já me causava estranheza. Afinal, a chuva faz parte do verão catarinense. Além disso, quem precisa de praia o dia inteiro, não é mesmo? Coisa chata ficar o dia inteiro sem fazer absolutamente nada além de se espreguiçar sob o sol e, de vez em quando, refrescar-se em um banho de mar. Pior: correr o risco de afogar-se no mar, de contrair uma insolação ou um câncer de pele. Bom mesmo é ficar trabalhando num ambiente com ar-condicionado, contribuindo para o crescimento da economia nacional.

Creio ser provável que vocês já estejam convencidos de que essa mania de dias de sol e praia não está com nada. Ou então já me rogaram algumas pragas e direcionaram alguns impropérios à minha pessoa. Mas não podemos negar é que a grande questão a ser levantada nesses tempos é: o que podemos fazer num dia de chuva em Floripa?

Eu poderia elaborar uma daquelas listas do tipo “10 coisas que podem ser feitas em Floripa durante um dia de chuva”, mas tenho duas razões para não o fazer. A primeira delas é que não sei se existem 10 coisas que podem ser feitas nessas situações. A outra razão é que outro colunista um pouco menos medíocre pode me processar por plágio, uma vez que ele se tornou notório por essas listagens.

Quando chove, a primeira coisa que pensamos em fazer é... ficar em casa, óbvio! Afinal, o que fazer na rua com um tempo desses? Enfrentar um trânsito infernal, ruas alagadas, vento, debaixo de gotas d’água caindo do céu, não é uma missão das mais agradáveis. Bem melhor ficarmos no conforto de nossos lares, pedirmos uma pizza e vermos filmes, não é mesmo?

Se você respondeu “não” à pergunta acima, provavelmente faz parte da grande maioria das pessoas que não são ranzinzas como eu (embora eu prefira dizer que isso não é ser rabugento, mas tão-somente racional). Por isso, sempre existem aqueles que, mesmo com chuva, pretendem fazer algum programa fora do conforto de seus lares ou hospedagens, ainda que para isso tenham de enfrentar esses aguaceiros todos.

A primeira coisa que as pessoas em Floripa costumam fazer quando chove é ir ao shopping. Sim, shopping center, um centro comercial em cuja estrutura existem estabelecimentos comerciais como lojas, lanchonetes, restaurantes, salas de cinema, parques de diversões, bem como estacionamento. É a maior vitrine das maravilhas do capitalismo cosmopolita, e nossa cidade, tão aberta à cultura de outras localidades (apesar do movimento “Fora Haole” que, como todos sabem, é intriga da oposição), não poderia deixar de ter um ou dois deles.

De fato, esse costume de ir ao shopping em dias de chuva já foi amplamente absorvido pelos turistas que visitam a cidade, os quais, nos primeiros sinais de dias nublados, dirigem-se a esses centros de compras para aproveitar as ofertas (???) neles oferecidas. Além disso, o shopping não se resume a um templo onde as pessoas exercem o seu direito de praticar o consumismo desenfreado. Muitos se dirigem aos seus cinemas, seja para ver um filme, seja para pegar uma fila quilométrica só por diversão. Já alguns simplesmente ficam passeando sem rumo, utilizando os corredores do centro comercial como pista de caminhadas.

Outro programa possível de ser feito é ir a um dos museus. Sim, para aqueles que não sabem, em Floripa existem alguns museus. Certas pessoas entendem que esses locais não passam de casinhas velhas, cheias de objetos mais velhos ainda. Outros já entendem que estes ajudam a contar parte da história da cidade e de Santa Catarina. Esses ambientes desconhecidos da maioria talvez sejam os melhores programas para quem tem alguns neurônios de sobra para gastar com a história da cidade.

No entanto, se a pessoa prefere gastar seus neurônios com doses de álcool e gordura, há a opção de exercitar o pecado da gula, dirigindo-se a um dos muitos restaurantes, bares e biroscas da cidade. Essa talvez seja a opção mais democrática: existem desde sofisticados (e caros) restaurantes de cozinha internacional até o mais tradicional boteco. Assim, o candidato a gourmet pode degustar desde ostras gratinadas com chopp de primeira qualidade até moelas fritas de frango com alguma cerveja barata. No entanto, esse programa tem um grave ponto negativo: o seu excesso pode transformar o usuário em candidato a astro de uma continuação do filme “Supersize Me”, além de cliente assíduo de clínicas de spa, médicos cardiologistas e produtos dietéticos.

Enfim, pudemos perceber como são variadas as opções de lazer em nossa cidade quando a natureza não nos permite ir à praia. Porém, já que temos mais sorte que juízo, São Pedro (ou, dependendo da sua crença religiosa, Tupã, Javé, Jeová, etc) deve trazer o sol de volta logo, logo. Até lá, tenham paciência!

(originalmente publicada no portal - hoje extinto - Floripa Hoje)

quinta-feira, 5 de junho de 2008

ADENDO

Naquelas dicas abaixo, eu incluiria uma outra: deixe de usar o carro sempre que possível.

quarta-feira, 4 de junho de 2008

GOSTEI DESSA

Dicas para economizar combustível

Dica 1 - evite acelerações a fundo. A aceleração equilibrada não só reduz consideravelmente o consumo de combustível como a poluição e o desgaste do veículo.
Dica 2 - O consumo de combustível é menor nas marchas mais altas. Selecione uma marcha superior logo que seja possível e somente opte por uma inferior quando o desempenho do veículo for afetado.
Dica 3 - Por outro lado, evite conduzir à velocidade máxima. Se o veículo for conduzido a ¾ da velocidade máxima recomendada na via que está sendo percorrida, o consumo de combustível baixa significativamente e a perda de tempo é mínima.
Dica 4 - Dirija de modo regular. Acelerações e freadas desnecessárias provocam elevado consumo de combustível e maior poluição ao ambiente.
Dica 5 - Calibre os pneus regularmente, como recomendado pelo manual do proprietário. A pressão baixa aumenta a resistência ao deslocamento do veículo e, conseqüentemente, o consumo de combustível, além de desgastar os pneus e afetar a dirigibilidade do carro.
Dica 6 - Não transporte pesos mortos como, por exemplo, cadeiras de praia ou bicicletas, quando não for utilizá-los. O peso do veículo tem grande influência no consumo do combustível, principalmente no trânsito urbano.
Dica 7 - Use o bagageiro somente quando for imprescindível, pois a bagagem acomodada neste acessório aumenta consideravelmente a resistência aerodinâmica do veículo e, conseqüentemente, o consumo de combustível.
Dica 8 - Não use o chamado “ponto morto”. Além de comprometer a segurança na condução do veículo, esta prática não resulta em economia de combustível, como se acredita.
Dica 9 - O uso do ar condicionado requer maior potência do motor e, desta forma, o consumo de combustível se eleva.
Dica 10 - Programe antecipadamente os itinerários, evitando engarrafamentos e semáforos. Trajetos curtos freqüentes como, por exemplo, em serviços de entrega, que exigem partidas e aquecimento do motor constantes, também elevam o consumo de combustível.
Dica 11 - Desligue o motor em caso de paradas prolongadas no trânsito.
Dica 12 - Verifique o consumo de combustível em cada reabastecimento. Desta forma, é possível descobrir a tempo qualquer irregularidade no veículo que provoque aumento de consumo.
Dica 13 - Utilize somente o tipo de combustível recomendado no manual do proprietário.
Dica 14 - Não altere o sistema de alimentação ou de escapamento, usando peças não originais ou fazendo regulagens indevidas.
Dica 15 - Siga o plano de manutenção do veículo, conforme orientações do manual do proprietário.

Fonte: Webmotors

quinta-feira, 29 de maio de 2008

ESTRANHO SETOR

Passava eu pelo campus da UFSC em Florianópolis, quando me deparei com a placa de um setor dessa universidade. Chamava-se: Comissão de Prevenção ao Uso Abusivo de Drogas.

Achei bem estranho o nome de tal comissão. Uso ABUSIVO de drogas? Então quer dizer que usar drogas tudo bem, desde que não seja em grandes quantidades?

O que será que eles dizem aos alunos? Imaginei alguns exemplos:

- "Gente, puxem apenas um baseado por dia, tá?"
- "Cheirem apenas socialmente."
- "Só beber, tudo bem. Beber, cair e levantar não pode!"
- "Cigarros estão liberados, mas apenas o suficiente para lhes causar impotência, e não câncer de boca."

Não seria mais lógico que o nome desse setor focasse a prevenção ao simples uso das drogas, sejam elas lícitas ou ilícitas? Afinal, se é uma droga, esta, em princípio, não deveria ser usada. Ou não?

quinta-feira, 15 de maio de 2008

MASSAGEM NO EGO 2

E, já que o ócio é criativo, segue mais uma que emplaquei, desta vez no Diário Catarinense de hoje:

Fico assustado com opiniões como a do leitor Emannuel Gorenc, publicada em 14 de maio. Disse ele que, se o indivíduo está preso, alguma ele fez. Completa afirmando que "bandidos deveriam ser presos em jaulas, juntamente com leões famintos". Ora, senhor Gorenc, em primeiro lugar, não dá para pressupor que, se o indivíduo está preso, alguma ele fez. Mesmo o Estado erra; no caso do Brasil, erra muito. Ademais, estamos num Estado Democrático de Direito. Neste, existem direitos a serem respeitados, mesmo os daqueles que cometeram algum crime. Assim, a função da pena para um criminoso não é a mera punição, mas sim a da recuperação de um ser humano. Se assim não fosse, não seríamos dignos de dizer que vivemos em uma instituição chamada civilização. Se a sua for a opinião da maioria dos brasileiros, estamos condenados à barbárie.

Foi uma resposta à singela opinião abaixo (delicado como um elefantinho):

O jornalista José Reinoldo Rosenbrock, da cidade de Timbó, foi de extrema infelicidade na sua colocação sobre o transporte "desconfortável" de presos em viaturas não apropriadas das polícias (Diário do Leitor de 12 de maio). Ele até critica o pessoal dos direitos humanos! Ora, se o indivíduo foi preso, alguma infração grave cometeu, como estupro, assalto a mão armada, seqüestro, homicídio, tortura. Bandidos deveriam ser presos em jaulas, juntamente com leões famintos, e não se locomoverem em viaturas confortáveis, como diz o leitor de Timbó. Emannuel Gorenc, Gerente administrativo, Laguna.

quarta-feira, 14 de maio de 2008

MASSAGEM NO EGO

Cartinha minha publicada no Diário Catarinense de 9 de maio de 2008:

No dia 7 de maio, pela manhã, estava eu na Feira do Livro de Florianópolis, quando o sistema de som anunciou a apresentação de dança de uma escola estadual. Ao olhar para o palco, surpreendi-me com o que foi apresentado: tratava-se de um grupo de adolescentes dançando o "Créu" e, depois, a "Piriguete". Nada contra essas músicas em si. Em uma casa noturna, ou numa festa, elas poderiam ser executadas sem problemas; nesses casos, erra quem as censurar. Todavia, em uma apresentação dita "cultural" de uma escola estadual, ainda mais num evento aberto como aquele, tais músicas são inadequadas. Mesmo que a idéia tenha partido dos alunos, caberia ao professor explicar-lhes que o conteúdo dessas músicas é inadequado para representar a escola em um evento cultural; aliás, é inadequado para a vida.

terça-feira, 13 de maio de 2008

UMA QUESTÃO JURÍDICA

Um transexual brasileiro tenta de todas as formas, na Justiça brasileira, obter a mudança de nome e de sexo. O Judiciário, reiteradamente, nega-lhe o pedido, pois a lei brasileira não permite essa mudança.

Certo dia, vai morar na Holanda. Lá, naturaliza-se, obtém legalmente a mudança de nome e de sexo, e faz a cirurgia ("corta fora").

Anos depois, esse transexual volta ao Brasil, agora como cidadã holandesa. Conhece um brasileiro e pretende casar-se com ele, sob as leis brasileiras.

E agora? Será que esse casamento é válido na legislação brasileira? Afinal, anos antes, seria um homem casando com outro.

Direito internacional privado é foda mesmo... por isso era uma das matérias mais temidas na faculdade.

terça-feira, 6 de maio de 2008

LIBERAL (OU NEM TANTO)

Há pouco tempo, publiquei um texto sobre o estereótipo do estudante universitário de tendência esquerdista. Mencionei, até, que este passa a vida a maldizer o capitalismo, para depois trabalhar no sistema financeiro.


Dia desses, percebi que um outro espécime universitário vem ganhando vulto: o estudante liberal. Não, amigo, não se trata daquele liberal de costumes (ou seja, moderninho, com opções - inclusive sexuais - bem variadas). Refiro-me ao liberal mesmo, no sentido econômico do termo. Ou seja, aquele para quem que toda riqueza é obtida pelo trabalho, defendendo a livre concorrência e a lei da oferta e da procura.


Revoltado com o processo de doutrinação esquerdista que ocorre em muitos ambientes universitários, esse estudante vive a idolatrar o modo de produção capitalista e a superestimar a dimensão do mercado no espaço público. Por isso, pretende que o Estado interfira o menos possível na economia e deixe a iniciativa privada - a panaceia universal - cuide de tudo (o tal "Estado Mínimo").


Até aí, não haveria nada de mais. Tudo bem em ser liberal. Mesmo não concordando na totalidade com essa linha de pensamento, tenho a consciência de que a universidade é um lugar para debates. Logo, é até bom que o espectro político seja variado. Os problemas desses estudantes são dois: 1) abominam tudo o que vem da esquerda; e 2) os liberais brasileiros não são tão liberais como proclamam.


Na falta de partidos que os representem, esses estudantes acabam por se filiar e a seguir fervorosamente os partidos considerados "de direita". E o problema está justamente nos partidos brasileiros "de direita", ditos liberais. Estes, na verdade, são conservadores, em todos os aspectos: político, econômico e de costumes.


Não é exagero dizer que a direita brasileira, no aspecto político, é pouco (ou nada) comprometida com a democracia. Seus expoentes filiaram-se a todas os regimes ditatoriais havidos na história republicana. Ainda hoje, se assim lhes convier, defendem a derrubada de governos que não lhes agradam.


Pior: seus expoentes são patrimonialistas, ou seja, costumam associar-se a um Estado que não possui distinções entre os limites do público e os limites do privado. Por isso que, no aspecto econômico, a direita brasileira, de liberal, não tem nada. Muitos de seus integrantes defendem que o Estado não intervenha na economia, a não ser, é claro, que essa intervenção lhes venha a trazer benefícios econômicos. Livre concorrência? Para quê? É bem melhor que o Estado lhes provenha oligopólios e maximize os lucros de suas empresas familiares.


Na verdade, apenas uma característica permite classificar a direita brasileira como tal. Trata-se do seu antagonismo com os partidos ditos "de esquerda", os quais - pelo que foi visto no noticiário político e policial recente - também apresentam um caráter patrimonialista. E assim, o espectro político brasileiro baseia-se mais em rivalidades pessoais do que programáticas.


Mas isso não importa para os liberais brasileiros. Se não é o seu grupo que está no poder, far-se-á oposição sistemática ao governante. Não importa a natureza da proposta, ou se vale a pena discuti-la. Esta advém dos "comunistas", logo, deve ser rejeitada.


Quando o assunto são os costumes, os liberais brasileiros acabam por revelar a sua face conservadora. Criticam, ardorosamente, qualquer proposta de discussão de temas "modernos", como, por exemplo, o aborto, os direitos homoafetivos ou a descriminalização das drogas. Tudo em nome da "tradição" e da "família". Estranho ser liberal assim.


Seria até bom que os tais estudantes liberais promovessem uma reforma na direita brasileira, pois falta aqui um partido sério nessa corrente de pensamento. Mas isso vai ser difícil. Por isso, seria mais proveitoso se esses estudantes rompessem com o passado e fundassem uma nova legenda, o que duvido que farão.


De toda forma, também sinto pena de muitos desses estudantes. Diante do mercado de trabalho restrito, é muito provável que, depois da formatura, acabem por fazer concursos públicos. Se forem aprovados, vão trabalhar para o Estado contra o qual tanto vociferaram. Se não o forem, suas críticas degeneram-se para o mero ressentimento de não ter entrado na festa.

quarta-feira, 30 de abril de 2008

JÁ VAI TARDE (TAMBÉM)

FIM DA ONDA NEOLIBERAL


Luiz Carlos Bresser-Pereira


O fracasso das reformas neoliberais em em promover o crescimento, a guerra do Iraque, e agora a crise bancária americana marcam o declínio dos Estados Unidos como hegemônicos e o fim da onda idelógica neoliberal.


Chegou ao fim a onda ideológica neoliberal que dominou o mundo nos últimos 30 anos no quadro da hegemonia americana. Dois fatos ocorridos nas últimas semanas marcaram esse fim inglório; de um lado, o socorro do banco de investimento Bear Stearns; de outro, as revoltas populares em vários dos 33 países hoje seriamente atingidos pelo aumento dos preços dos alimentos. Essa ideologia reacionária que visava reformar o capitalismo global para fazê-lo voltar aos tempos do capitalismo liberal do século 19 revelou ter fôlego curto. E não poderia ser de outra forma, já que estava em contradição com os avanços políticos e institucionais que transformaram o Estado liberal do século 19 no Estado democrático e social da segunda metade do século 20.


Apoiada na hegemonia americana, a onda ideológica neoliberal teve início em 1980, com a eleição de Ronald Reagan, e chegou ao auge nos anos 1990, com o colapso da União Soviética, mas nos anos 2000 entrou em declínio. Três fatores contribuíram para a crise: 1) o fracasso das reformas e da macroeconomia neoliberais em promover o desenvolvimento econômico dos países periféricos que a aceitaram; 2) o desastre político e humano representado pela guerra contra o Iraque; e 3), mais recentemente, a grande crise bancária que a desregulamentação financeira facilitou.


Nos últimos dias, a intervenção para salvar um banco de investimento e a ameaça de fome causada pela elevação dos preços dos alimentos marcam definitivamente o fim da utopia neoliberal de uma sociedade regulada principalmente pelo mercado. Não preciso de maior argumentação para demonstrar por que o socorro do Bear Stearns tem esse sentido. Conforme afirmou na ocasião Martin Wolf abrindo seu artigo semanal, "lembre a sexta-feira, 14 de março de 2008: foi o dia em que o sonho de um capitalismo de livre mercado morreu". (Folha, 26/ 3/08). Engana-se, porém, Wolf em falar em "sonho". Trata-se antes de um pesadelo, porque, se é verdade que o mercado é um excelente alocador de recursos, mesmo nesse campo precisa de regulação para evitar instabilidade. Já em relação aos demais valores que a humanidade tão arduamente construiu, o mercado é cego, ignorando os princípios mais elementares de honestidade, proteção da natureza e justiça social.


Essa cegueira assumiu caráter dramático com a notícia de que as populações pobres de pelo menos 33 países estão ameaçadas de fome devido à alta dos preços dos alimentos. Se a ideologia neoliberal dominante nestes últimos 30 anos não houvesse se encarregado de convencer os países pobres de que não precisavam de suas culturas de produtos alimentícios, de que era mais econômico especializar-se em alguma outra atividade (geralmente de valor adicionado per capita igualmente baixo) e importar seus alimentos básicos, os povos desses países não estariam agora em justa revolta.


Creio que existem boas razões para acreditarmos no desenvolvimento econômico e político dos povos. É absurda, porém, a ideologia que pretende alcançar o bem-estar econômico capitalista sem se beneficiar do desenvolvimento político democrático, sem contar com a ação corretiva e regulatória do Estado democrático e social que tão arduamente a sociedade moderna vem construindo e do qual faz parte um mercado livre mas regulado. Não teremos saudades do neoliberalismo.


Fonte: Folha de S.Paulo, 21.4.2008

sexta-feira, 25 de abril de 2008

MÃO INVISÍVEL?

Surpreendem-me as críticas de analistas brasileiros à decisão do Ministério da Agricultura de não exportar os estoques públicos de arroz. Argumentam que afeta o "livre mercado". A Globo chegou a mencionar em uma "restrição ao direito do consumidor estrangeiro".

Ora, não há restrição alguma ao tal "livre mercado" (que, mesmo em economias mais avançadas, de livre não tem nada). Os empreendedores privados que produzem ou estocam arroz podem vendê-lo para quem quiser, sem óbices. Até a ideia do tal "imposto de exportação" foi arquivada.

Os estoques públicos, contudo, não serão vendidos no mercado externo, por decisão do governo. Isso não afeta os direitos de ninguém. Afinal, eles pertencem ao Estado. Foram adquiridos no mercado nas safras anteriores. Decidir não vendê-los lá fora é uma decisão do Estado, que é regulador, e não comerciante.

Estranho seria se esses estoques - comprados com o dinheiro dos tributos dos brasileiros - fossem utilizados para matar a fome de africanos e latino-americanos, em detrimento do povo que os pagou.

terça-feira, 1 de abril de 2008

REENGENHARIA

Comunico aos 35 mil leitores deste notável veículo de comunicação que a partir de hoje a atualização de cada uma das secções será diária. Para isso contactaremos responsáveis pelas editorias de opinião, pensamentos e literatura, os quais ficarão a cargo das respectivas atualizações.

quarta-feira, 19 de março de 2008

DEMERITOCRACIA

"Muito inteligente esse garoto". Era isso o que sempre diziam sobre ele. Desde a tenra infância, surpreendia as pessoas com seus conhecimentos, avançados demais até para a maioria dos adultos.

Na escola, sempre se destacou como o primeiro da classe. Os professores tinham medo de lhe dar aulas, receosos que ele lhes trouxesse alguma pergunta da qual não soubessem a resposta.

E, de fato, ele foi o primeiro colocado nos exames de admissão à universidade. Faria, assim, uma entrada triunfal nos estudos superiores.

O problema é que não podiam dar a vaga a ele. Por lei, todas as vagas disponíveis estavam destinadas a integrantes de alguma minoria oprimida. E ele parecia demasiado "normal" para ser classificado em alguma delas.

Mesmo assim, tentaram fazê-lo. Era só classificá-lo em alguma minoria racial. Parecia um trabalho fácil. Afinal, havia cotas para negros, pardos, índios, amarelos, indianos, javaneses, polinésios e esquimós.

Só que o menino não colaborava: insistira em nascer branquinho como o leite. "Mas que azar o dele!" - pensaram - "Foi nascer justamente na classe opressora e má".

Mesmo assim, não desistiram de encontrar-lhe uma vaga. Afinal, ele merecia! Procuraram, nas leis, alguma brecha que lhes permitisse incluí-lo como "cotista".

E a legislação era vasta. Além das cotas raciais, encontraram reservas para caminhoneiros, filhos de policiais baleados pelo tráfico, taxistas, camelôs, donas de casa que apanharam de seus maridos e portadores de gripe espanhola. Nenhuma delas servia.

Descobriram até mesmo uma lei que reservava vagas a imbecis. O problema: ele, obviamente, era inteligente demais para ser classificado como tal. Mesmo assim, resolveram utilizar esse dispositivo, dando um "jeitinho" para ajudar tão valoroso estudante.

Uma junta médica tratou de classificar o então jovem como portador de inteligência um pouco abaixo da média. Apenas o suficiente para enquadrá-lo no tal dispositivo legal de proteção aos imbecis.

Com o atestado médico, puderam conceder-lhe a tão sonhada vaga nos estudos superiores. Não foi a entrada triunfal que imaginaram, mas, diante das dificuldades, uma pequena entrada pela janela - como de fato o foi - serviria.

Deram-lhe apenas uma recomendação: que, ao assistir às aulas, não se revelasse o aluno brilhante de sempre. Ou seja, deveria portar-se da forma mais imbecil possível, para não gerar desconfianças.

Esperto, o rapaz entendeu o recado, e nunca demonstrava a inteligência que tinha. Nas aulas, ficava quieto, segurando a vontade de corrigir os colegas ou os professores. Nas provas e trabalhos, apenas o suficiente para ser aprovado, e nada mais.

Os anos se passaram, e, com eles, aproximava-se a data de formatura do geniozinho. Pensaram que este, sim, seria o momento de glória que não pôde ocorrer quando da sua entrada na faculdade.

Mas nada viram. Ele não foi o orador da turma. Tampouco participou de qualquer das homenagens ou discursou. O rapaz simplesmente levantou, pegou seu diploma e voltou a sentar-se. De resto, permaneceu calado e imóvel. Sorria somente para as fotos que todo formando faz para seu álbum de formatura.

Ao final da cerimônia, foram conversar com ele. "O que houve?", perguntaram-lhe. "Era sua formatura, o que combinamos não importava mais. Por que você quis se manter tão discreto?"

O rapaz não entendeu as perguntas. Do geniozinho de anos atrás, nada mais restava. Os anos de discrição lhe foram cruéis. Seu desempenho mediano nos estudos não lhe permitiria vôos muito altos. E ele sequer lembrava como fazer para melhorá-lo.

Porém, havia arranjado um emprego de escriturário, uma profissão que não requeria muitos estudos, é verdade, mas que lhe pagava o suficiente para viver. Assim, agradeceu aos senhores pela oportunidade de conseguir aquele diploma, que, naquela etapa da vida, já não era mais necessário.

E foi embora cedo, pois no dia seguinte tinha muitas guias a emitir e fotocópias a tirar.

terça-feira, 4 de março de 2008

PROJETO DA UFSC REDUZ PELA METADE USO DE ÁGUA POTÁVEL EM CASA

O aproveitamento da chuva, da água do chuveiro, do tanque, da máquina de lavar e da pia do banheiro possibilitou uma redução de 50% do consumo da água de abastecimento em uma casa de Ratones. O projeto experimental implantado pela UFSC fez o consumo passar de 10,54 metros cúbicos para 4,43 - uma economia de 57,7% na conta da água. Os sistemas de captação, de separação e de tratamento, implantados e monitorados, comprovam o potencial do saneamento descentralizado.

A pesquisa é desenvolvida desde 2004 por integrantes do Grupo de Estudos em Saneamento Descentralizado (Gesad), ligado ao Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental da UFSC. A equipe é uma das representantes da UFSC junto ao Programa de Pesquisa em Saneamento Básico (Prosab), financiado com recursos da Finep e CNPq (órgãos do Ministério da Ciência e Tecnologia), e pela Caixa Econômica Federal.

"Estamos explicitando a grande vantagem da separação dos efluentes e do reaproveitamento da água", ressalta o professor Luiz Sérgio Philippi, coordenador do projeto em Ratones. Ele lembra que um dos paradigmas atuais do saneamento é evitar o consumo da água da rede de abastecimento em usos menos nobres, como o vaso sanitário. Sua equipe trabalha com o desenvolvimento e a avaliação de fontes alternativas de água para fins não potáveis, estudando práticas de saneamento com separação e tratamento do esgoto doméstico na origem, ou seja, nas residências. O saneamento descentralizado também é pensado como uma possibilidade de evitar a contaminação do ambiente pelo esgoto doméstico e reduzir a pressão sobre os sistemas de drenagem das cidades.

Para trabalhar com estes desafios, a pesquisa em Ratones foi dividida em dois subprojetos. Um deles avalia o aproveitamento da água da chuva e estuda o reaproveitamento das chamadas águas cinzas - da pia do banheiro, chuveiro, tanque e máquina de lavar roupas. Outro estuda o tratamento e a disposição final das águas residuárias não reutilizadas, as provenientes da pia da cozinha e do vaso sanitário, chamadas de águas negras.

Uma etapa fundamental do saneamento descentralizado é a separação dos diferentes tipos de esgotos domésticos na fonte. Na casa de Ratones o esgoto do vaso sanitário e da pia de cozinha (mais difícil de ser tratado), foi separado do efluente gerado no chuveiro, na pia do banheiro, no tanque e na máquina de lavar. Além de serem separadas, as águas cinzas foram quantificadas (hidrômetros foram instalados em cada equipamento para esta medição) e qualificadas (foram analisadas suas características físico-químicas e microbiológicas). Esse processo ajuda a equipe a avaliar se a quantidade justifica o tratamento, e se pode ajudar a suprir as necessidades (demanda por água) dos moradores.

As águas cinzas também são tratadas separadamente e a pesquisa vem permitindo a experimentação e a documentação do desempenho de diferentes procedimentos. Atualmente está sendo testado um sistema formado por filtro anaeróbio preenchido por brita e um filtro aeróbio preenchido com areia. Depois de passar por esse processo, e de receber cloro, a água é usada na descarga do vaso sanitário e para regar o jardim.

De acordo com o grupo, uma análise de custo x benefício, que permitirá uma melhor avaliação sobre o preço de instalação dos sistemas, será realizada até o final do projeto. No entanto a equipe já ressalta em seus relatórios depoimentos positivos dos moradores, com relatos comprovando que a água tratada no local não apresentou mau cheiro nos meses de pesquisa e que a cor também não desagradou. Além disso, o registro do número de descargas dadas no vaso sanitário pelos moradores durante um dia (uma média diária de 7,7 acionamentos, consumo de 46,2 litros/dia) e o acompanhamento da geração das águas cinzas, comprovaram que o atendimento da demanda é possível.

O sistema de coleta, tratamento e reserva de água de chuva foi instalado nos meses de dezembro de 2006 e janeiro de 2007. Está operando desde fevereiro de 2007. Depois de tratada, a água de chuva é utilizada pela família no tanque e na máquina de lavar roupas. A captação é feita por meio de calhas coletoras no telhado. Estas calhas direcionam a água para tratamento e armazenamento. O sistema de tratamento é composto por uma unidade de descarte da primeira água da chuva, considerada de lavagem do telhado; uma unidade de peneiramento, composta por quatro telas, e um reservatório.

O reservatório foi instalado na forma de cisterna, no nível do solo, com o objetivo de economizar gastos com instalações, energia elétrica, operação e manutenção de bombas. Para suprir a demanda de pressão, e para conduzir a água até os pontos de uso, principalmente da máquina de lavar roupas, foi testado no período de abril a setembro de 2007 um pressurizador de água convencional, utilizado comumente em chuveiros. Em outubro passado foi instalado outro equipamento com capacidade pressurizadora maior e acionamento automático, com o objetivo de facilitar a operação e aumentar a velocidade de enchimento da máquina de lavar e pressão de água no tanque.

Para desinfecção dessa água, dois sistemas foram propostos – um deles por cloração e outro radiação ultravioleta. A água desinfectada passou por análises para verificação de sua qualidade e a maioria dos resultados está dentro dos padrões exigidos. No caso estudado, para uma cisterna de 2000 litros e consumo médio de água de 134litros/dia, o período ideal para reposição de pastilhas de cloro de 18 gramas foi de 25 dias (as pastilhas eram repostas se a cisterna estivesse com, no mínimo, 20% de sua capacidade). "Considerando que o preço médio de uma pastilha de 15 gramas de Ácido Tricloro Isocianúrico é de aproximadamente R$ 0,70, o gasto mensal com pastilhas de cloro fica em torno de R$ 0,85", destaca o último relatório da pesquisa, apresentado no início desse ano em São Paulo, em uma reunião das redes Prosab. Agora a equipe está acompanhando o processo de desinfecção por ultravioleta.

Apesar do preço praticamente irrisório de tratamento com cloro, a implantação de sistemas de captação da água da chuva ainda é cara para o usuário comum. "Em uma casa de 200 a 300 mil, um sistema pode ser obtido por R$ 10 mil.", exemplifica o professor. As pesquisas da UFSC buscam comprovar a viabilidade desse reaproveitamento e chegar a parâmetros para implantação de sistemas eficientes e mais acessíveis. A pesquisa em Ratones pode mostrar que o investimento, mesmo em casas populares, vale a pena quando se leva em conta a economia de muitos metros cúbicos da água da rede de abastecimento.

Mais informações no site www.gesad.ufsc.br ou no telefone 3721 7696.

Por Arley Reis / Agecom

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

JÁ VAI TARDE

Terça-feira, 19 de fevereiro de 2008. Nesse dia encerrou-se um dos mais longos reinados da história política contemporânea. Fidel Castro Ruz renunciou à pretensão de, mais uma vez, ser reconduzido à condição de mandatário de Cuba.

Digo reinado porque seus sucessivos mandatos podem ser caracterizados como tal. Afinal, foram 49 anos à frente do Conselho de Estado, órgão máximo do governo cubano.

Desde que Fidel Castro assumiu o poder em Cuba, a Igreja Católica teve 5 papas, os Estados Unidos da América, 9 presidentes, e o Brasil, 8 moedas. Acho que é tempo suficiente para caracterizar o regime cubano como monarquia.

Nesse longo período, houve, em Cuba, avanços primorosos na área da educação, saúde e desportos. E esse talvez seja o maior mérito da experiência tropical-socialista. Soma-se a isso, é claro, a forma como o líder cubano caçoava dos mandatários estadunidenses, para deleite dos demais latino-americanos. Fidel, portanto, cumpriu bem o seu papel nesses itens.

Houve, também, um embargo econômico imposto pelos Estados Unidos. Num primeiro momento, essa medida foi implantada em razão da Guerra Fria, e depois decorreu da pressão da oligarquia cubana da época da ditadura de Fulgencio Batista, e que depois se viu exilada em Miami, privada das tetas do Estado no qual mamaram durante centenas de anos.

Não fosse o embargo dito acima, talvez Cuba estivesse melhor atualmente. Talvez não. O certo é que a renúncia de Fidel veio com 15 anos de atraso. Se o tivesse feito em 1993, sairia como herói. A década de 1990 seria perdida para Cuba, como o foi em outros tantos países que renunciaram ao comunismo naquela época. Todos eles enfrentaram uma séria recessão econômica que se seguiu à retirada dos subsídios da antiga União Soviética.

No entanto, nos anos seguintes poderia vir uma recuperação, de forma que o padrão de vida melhorasse no médio prazo, como ocorreu na Polônia, Hungria e República Tcheca. E o motor dessa recuperação seria justamente o notável sistema educacional implantado desde 1959.

Pode ser, também, que as oligarquias exiladas aproveitassem o vácuo de poder para reinstaurarem as benesses que tinham até 1959, por meio de um regime democrático do ponto de vista político, mas excludente do ponto de vista social. Afinal, a América Latina é bem diferente da Europa Oriental.

Mesmo que, do ponto de vista econômico, Cuba não estivesse melhor, ainda assim digo: Fidel, sinto dizer, mas tarde é pouco para a hora em que vais.

quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

CAPITALISMO DE OCASIÃO

A União Europeia suspendeu a compra de carne bovina brasileira, alegando que houve um problema com a lista das propriedades brasileiras que poderiam fornecê-la. Os europeus indicaram que poderiam aceitar a carne de 300 propriedades, entretanto o Brasil apresentou uma lista com 2.861 propriedades.

É ridículo desdobrar-se para tentar atender aos europeus, cujos governos estão sob pressão dos produtores locais. É óbvio que a decisão europeia não foi sanitária, e sim política. Mercantilismo puro. Onde estão a tal "mão invisível" e as vantagens competitivas? E a Organização Mundial do Comércio, que, em tese, deveria punir os Estados que impusessem barreiras não-tarifárias injustificáveis?

Atender às reivindicações de governos pressionados por produtores ineficientes é admitir a condição de colônia de exploração. Os europeus não querem a carne brasileira? Vendam-na, então, para outros lugares: China, África, Oriente Médio... Mercados não faltam. E até pagam melhor.

Bob Fields, o que você pensaria disso?

quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

PALIATIVO

Essa medida dos governos catarinense e federal, de proibir a venda de bebidas alcoólicas em estabelecimentos às margens de rodovias, soa como a do homem, que, para não ser traído pela esposa, joga fora o sofá.

Sinceramente, senhores, não é mais eficaz realizar blitze, durante as madrugadas, em locais de notória passagem de bêbados? Em Florianópolis, por exemplo, esses bloqueios poderiam ser feitos às 2:30 da manhã, na saída do Morro da Lagoa, no retão da SC-401 e nas cabeceiras das pontes. Imagino que, em uma noite, os apreendidos alcançariam a casa das dezenas.

Apenas para lembrar: nos Estados Unidos, a década de 1930 - quando imperava a Lei Seca - foi o período em que mais se bebeu naquele país; a bebida ilegal também ajudou a fomentar as máfias em várias cidades, notadamente Chicago.

É, mais uma do país dos paliativos.

sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

SERRA LEOA ANDINA

Soa como piada essa das FARC, na Colômbia, exigirem a criação de uma zona desmilitarizada para iniciar negociações de paz.

Uma zona desmilitarizada para quê? Para virar um Estado paralelo, uma terra sem lei, como aconteceu em todos os países da África onde isso foi feito (e com a chancela da ONU)?

Ora, quando o governo colombiano lhes concedeu uma zona desmilitarizada, há alguns anos atrás, só o que fizeram foi fortalecer suas posições em nome de la revolución.

As FARC deveriam tomar vergonha na cara, depor armas e participar do processo político na Colômbia. Quero ver quantos votos eles conseguiriam.

quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

A LÍNGUA NÃO TEM OSSO

A (falta de) memória política faz coisas. É engraçado ver os senadores do PSDB e do PFL serem tão incisivos em criticar o Lula, tendo em vista o seu apoio à eleição de Renan Calheiros para a Presidência do Senado. Afinal, ele foi Ministro da Justiça do governo de Fernando Henrique Cardoso em 1998, governo este do qual participavam PSDB e PFL.

Não se trata das pastas do Turismo ou da Pesca, mas da Justiça. Um dos ministérios de maior prestígio, que existe desde a Independência.

domingo, 6 de janeiro de 2008

A EPOPEIA DE IR À PRAIA DE ÔNIBUS NUM FINAL DE SEMANA

Um dos temas que mais atraem a atenção dos habitantes de Floripa deve ser o do transporte coletivo. Esse serviço público, que já provocou protestos acalorados de estudantes, deve ser o campeão de manifestações indignadas de seus usuários nos jornais locais. Chega a rivalizar com as mensagens relacionadas ao futebol catarinense e às estripulias governamentais na capital federal.

Percebi que muitas das reclamações de usuários do transporte coletivo concentravam-se na falta de horários nos fins de semana. Pelo jeito, utilizar os ônibus nesses dias deveria ser uma verdadeira epopeia (no sentido de uma seqüência de atos heroicos). Mas será que era mesmo assim tão assustador como falavam?

Resolvi comprovar a situação com a seguinte experiência: ir, de ônibus, a uma das praias mais distantes da ilha, em pleno final de semana. Seria uma experiência interessante, e ainda por cima ecologicamente correta. Mas não imaginei o quão heroicos teriam de ser os atos para cumprir esse objetivo.

A aventura começou num domingo desses de final de verão. Acordei pela manhã, vi o sol, arrumei-me e desci para o ponto de ônibus. Nele, deparei-me com uma considerável aglomeração de pessoas. “Que ótimo!” - pensei – “Se há tantas pessoas esperando, o ônibus deve passar logo”. Ledo engano. A espera prosseguiu por mais meia hora, sob um sol que começava a ficar escaldante.

Duas turistas conversavam, ou melhor, reclamavam da demora. Uma delas mencionou que devia ter acontecido alguma coisa, pois não era possível que tal demora fosse habitual. É, elas deveriam estar certas. Afinal, os ônibus não podem atrasar tanto, ainda mais em Floripa, cidade tão mencionada como exemplo de organização, não é mesmo?

Passados quarenta e cinco minutos desde que havia saído de casa, cheguei ao Centro da cidade. Faltava, agora, dirigir-me à praia. Escolhi a de Ponta das Canas, por ser tranqüila e estar no extremo norte da ilha. Fui procurar uma linha chamada “Ponta das Canas”. Não havia. Informaram-me que eu deveria pegar uma outra linha, até um terminal no norte da ilha, onde eu deveria entrar em outro ônibus para dirigir-me ao meu destino.

Não foi difícil encontrar a linha para o tal terminal. Ela estava bem ao lado de uma imensa fila. Coloquei-me no meu lugar e aguardei, civilizadamente, a minha vez de entrar no veículo. No entanto, quando as portas se abriram, todo aquele povo que também aguardava pacientemente a sua vez foi substituído por hordas selvagens que não se importavam em pisotear os menos acostumados à situação. Recuperado do susto, fui o último a entrar no ônibus. Mesmo assim, consegui um lugar bem confortável para viajar, naquele espaço que usualmente é reservado para a abertura da porta traseira, entre os degraus da escada e uma lixeira.

A viagem seguiu tranquila, se é que confinar 300 pessoas num espaço onde caberiam no máximo 100 delas pode ser uma tranqüilidade. E, tendo chegado vivo e quase inteiro ao terminal - e rezado umas preces de agradecimento por isso - fui procurar o ponto da terceira e última linha necessária para concluir a minha aventura. Essa foi fácil de encontrar; afinal, eu sabia o nome do lugar para onde eu iria. Só não sabia que a fila para ele estaria misturada com as filas para outras duas localidades. Por pouco, não entrei em um veículo que me levaria a muitos quilômetros do destino pretendido.

Depois de quase duas horas de viagem, cheguei ao meu destino. Claro, por muito pouco também não passei direto por ele, pois não encontrei nenhum ponto de descida. A sorte me fez descobrir que o ônibus pára em frente a um mercadinho, no qual não havia nenhuma indicação de parada. Mas “todo mundo sabe” que lá é o ponto de descida. Eu não sabia. Deve ser porque não tive acesso aos panfletos turísticos distribuídos em Buenos Aires, Porto Alegre e São Paulo, nos quais provavelmente estão descritos esses detalhes tão conhecidos do cotidiano das comunidades florianopolitanas.

Enfim, pude curtir a praia, com suas águas calmas, canchas de bocha e argentinos. Teria sido um dia muito agradável, não fosse a viagem de volta, na qual todas as agruras da manhã foram repetidas. E pensei que, numa próxima vez, talvez fosse melhor ir a Balneário Camboriú ou a Itapema, cujas praias estão mais distantes, porém de acesso mais fácil. Ou mandar às favas meus princípios ecológicos, aderir ao american way of life e ir de carro mesmo.