terça-feira, 19 de junho de 2007

"BUSH ASSASSINO! VIVA FIDEL!"

Li a frase acima, dia desses, em um muro nas redondezas de minha casa. Pelo que pude perceber nas quatro palavras (em letra muito feia, por sinal), o fulano autor da pichação, além de desconhecer o crime de dano ao patrimônio alheio, também andou cabulando aulas de História. Pelo que se entende, o presidente americano é a raiz de todos os males que acometem a humanidade. Pior, a ele foram imputados vários crimes contra a vida, pois recebeu a alcunha de "assassino".

Por outro lado, Fidel Castro, "presidente" de Cuba desde 1959, em um regime político de partido único, merece ovações do autor da frase. Só não sei dizer se o "viva" refere-se a um brinde à atuação de Fidel, ou se o pichador ressente-se de o líder cubano estar à beira da morte, e deseja que ele continue a viver.

Não posso negar que, desde 1959, Cuba teve muitos avanços sociais. A universalização do ensino e o ótimo sistema de saúde que eles têm (ou tinham) são bons exemplos disso. Todavia, creio que a experiência cubana poderia ter dado um passo à frente em 1991, quando a União Soviética deu lugar à CEI, e foram cortados todos os subsídios dos camaradas à experiência tropical-socialista.

Mesmo assim, não entendo a demonização do mandatário estadunidense, em contraposição ao seu semelhante cubano. Ora, será que o fato de o Sr. George "Johnny Walker" Bush ter sido indiretamente responsável por centenas de milhares de mortes no Iraque isenta Fidel de culpa? Creio que não.

George W. Bush cometeu (muitos) erros em seu mandato, inclusive comandar uma mal-sucedida invasão ao Iraque, culminando em guerra civil que até agora ceifou a vida de algumas centenas de milhares de inocentes. Aliás, os presidentes dos EUA mereciam um Tribunal de Nuremberg próprio, pois há muitas décadas patrocinam regimes totalitários assassinos. Para ficar em somente dois exemplos destestáveis, podem ser citados os de Mobutu Sese Seko, no Zaire, e o de Suharto, na Indonésia.

Fidel Castro, por sua vez, foi o responsável direto pela emigração de centenas de milhares de cubanos para a Flórida, além de ter ordenado a execução de muitos opositores nas prisões cubanas. Sem falar que comanda com mão de ferro um país há quase 50 anos, e falido há pelo menos 15 deles. Seria isso admissível?

Assusta-me mais ainda saber que, muito provavelmente, a pichação foi obra de um estudante universitário, espécime comum por aqui, pois moro nas cercanias da UFSC. Afinal, já vi professores em alguns cursos da UFSC resumirem a Humanidade em um maniqueísmo fundado na demonização do Estado de Direito e na quase canonização daqueles que instauraram ou tentaram instaurar a Revolução Socialista (assim mesmo, em maiúsculas) em alguma nação agrária.

Sinto pena desses alunos. Em vez de uma formação profissional, muitas vezes passam por alguns anos em um processo de doutrinação barata, sem profundidade. Derretem-se de amores por alguém como o Hugo Chávez, por exemplo, e passam os anos a maldizerem o sistema de produção que os alimentou e lhes deu educação. E então, já na meia-idade, resignam-se a trabalhar de assistentes administrativos em algum banco.

Um comentário:

Bruno Volpato disse...

Estatuto, tu que é um banco de dados ambulante, nunca foi feito um estudo psicológico (ou psiquiátrico) para compreender esse processo de imbecilização pelo qual passam alguns estudantes universitários? Falando nisso, MALDITOS GREVISTAS DO CARALHO! E tenho dito.