quinta-feira, 10 de maio de 2007

STÁLIN OU CHURCHILL, DE GAULLE E EISENHOWER?

Dia desses assisti ao filme "A Queda - as últimas horas de Hitler", produção austro-ítalo-germânica sobre os últimos momentos do Reich alemão, até a sua rendição em 7 de maio de 1945. Fica como dica cinematográfica para aqueles que desejam ver a Segunda Guerra Mundial de um ponto de vista diferente dos "vencedores" do lado ocidental do mundo. Causa espanto a forma como a psique de Hitler é escancarada para o público, mostrando não somente seu lado extremamente perturbado, como também os momentos em que era tão humano quanto seus adversários (se é que líderes "aliados" poderiam ser chamados de humanos).

Chamou a minha atenção um detalhe no final do filme. Ao mostrar o que aconteceu com cada um dos líderes alemães, percebi que aqueles que foram aprisionados pelos soviéticos foram libertados logo após a morte de Stálin em 1953 (ou, no máximo, até 1955). Isso porque o líder soviético Nikita Krushchev resolveu anistiá-los e mandá-los de volta para a Alemanha (Oriental).

Por sua vez, os líderes que caíram diante dos americanos, ingleses e franceses foram encaminhados para um julgamento "justo" em Nuremberg, em razão do qual foram condenados a ficarem presos até a década de 1960 ou - nos casos mais gravosos, como o do chanceler Göhring - a serem executados.

Diante disso, fico na dúvida: quer dizer que os "sanguinários" soviéticos, "comedores de criancinhas", libertaram seus prisioneiros de guerra muito antes dos "humanistas" americanos, ingleses e franceses? O que fazer diante da notícia que, enquanto os prisioneiros dos Gulags morreram de velhinhos, no final da década de 1990, aqueles julgados em Nuremberg, quanto muito, chegaram ao final da década de 1960?

É, a imprensa ocidental no pós-guerra, muitas vezes, foi subserviente aos interesses de seus governantes. Claro, não pretendo dizer que Stálin foi um cara legal, bonzinho, defensor dos direitos humanos, etc. Deixo esse papel para o "idiota" descrito por Vargas Llosa (filho) e outros em seu famoso manual*. Trago este fato apenas para deixarmos de ver o mundo dessa época a partir de um ponto de vista maniqueísta, no qual os americanos, ingleses e franceses foram os "libertadores", enquanto os soviéticos não passavam de tiranos. Na minha opinião, nenhum deles foi pior nem melhor em relação aos demais; foram apenas... governantes.

Se bem que viver até 1990 na Alemanha Oriental não devia ser lá muito gratificante. Ao menos se considerarmos a propaganda hollywoodiana, que em seus filmes pintava os países da "Cortina de Ferro" como se fossem o Inferno na Terra. Por outro lado, o que vocês preferem? Morrer na década de 1960 em Bonn**, ou viver até a década de 1990 dirigindo um Trabant***? Particularmente, não acho o Trabant tão ruim assim.


* Para os menos letrados, trata-se do "Manual do Perfeito Idiota Latino-americano", de Plínio Apuleyo Mendoza, Álvaro Vargas Llosa e Carlos Alberto Montaner.
** Capital da Alemanha Ocidental
*** Automóvel fabricado na Alemanha Oriental, que se tornou símbolo do atraso tecnológico dos regimes socialistas europeus.

Um comentário:

Bruno Volpato disse...

Maldito pretensioso! Eu tenho esse livro, mas preciso relê-lo, pois quando eu era muito cabaço quando li pela primeira vez.