terça-feira, 8 de maio de 2007

A AVENIDA DAS ANTAS

Anta, ou Tapirus terrestris, é um animal aparentado com o cavalo, porém de fenótipo suíno, com o corpo curto e atarracado, pescoço grosso e focinho em forma de tromba curta e móvel. Vive em florestas densas e perto da água, pois gosta de nadar. Alimenta-se de galhos tenros, folhas de árvores, arbustos, frutos, folhas e raízes. Por alguma razão desconhecida, seu nome passou a adjetivar injustamente as pessoas de inteligência sofrível.

A Avenida Madre Benvenuta, em Florianópolis, consiste em importante logradouro do bairro Santa Mônica, sendo a principal via de acesso ao bairro do Itacorubi e ao campus da UDESC. Outrora uma via vicinal, hoje suporta um tráfego insuportável, em razão do crescimento populacional nas adjacências. Sua concepção urbanística não previa tamanho fluxo de pessoas e veículos, sendo, por conseguinte, uma reta de quase 3 Km entrecortada por pseudo-cruzamentos mal sinalizados com várias vias transversais.

O problema se agrava ainda mais pela ignorância, quiçá arrogância, dos motoristas que nela trafegam diariamente. Não são raros os que cruzam a pista sem atentar para veículos em rota de colisão, utilizando porcamente os tais pseudo-cruzamentos. Também são comuns os que tentam fazer perigosas ultrapassagens (pela direita), ameaçando atropelar um pedestre desavisado (apesar das faixas de segurança; por sinal, um mero enfeite nas pistas de Floripa), ou colidir com um dos veículos mal estacionados na pista da direita (erro da prefeitura: insistir em permitir o estacionamento numa via de fluxo intenso).

Por tudo isso, eu apelidei carinhosamente (ou nem tanto) essa via de Avenida das Antas, em homenagem à alcunha preconceituosa do primeiro parágrafo. Sei que não é a denominação ideal, por ser um desrespeito ultrajante aos bichinhos. No entanto, é a forma mais direta de definir o comportamento de grande parte dos motoristas e pedestres que por ali passam, principalmente na hora do rush (às 18 h). É um egocentrismo sem tamanho: todos pretendendo ser os "donos da rua", desfilando pelo asfalto como se os outros fossem reles plebeus a lhes cederem passagem, ou , entao, circulando a menos da metade do tráfego (isso dá multa, sabiam?), e, pior ainda, ocupando exatamente a metade de cada uma das pistas, apenas para evitar que alguém chegue ao destino antes desses senhores (senhoras e senhoritas idem).

Será possível que essas pessoas não poderiam ter algumas aulas de educação no trânsito (para os arrogantes), ou de perspicácia e agilidade (para os ignorantes em geral)? Ou, mais ainda, terem as suas habilitações suspensas até aprenderem a dirigir (para os indivíduos que realizam a proeza de conjugarem o pior das duas inabilidades)?

Desculpem-me, antas (os animais), por desrespeitá-las.

PS: Nenhuma anta foi maltratada para a elaboração deste texto, embora algumas residentes nas adjacências o mereçam.

(texto publicado originalmente em 2003, no meu outro blog que foi pro saco; coloquei-o aqui porque está mais atual do que nunca, ainda mais depois da inaguração do Shopping Iguatemi)

2 comentários:

RODRIGO CUNHA disse...

Caro Estatuto,

concordo contigo em tudo rapá! Passo por lá EVERY FUCKING DAY e o que vejo são antas e mais antas.

Ah, e o mistério continua. Por que não há faixa em frente ao portal de entrada da UDESC?

A outra faixa quase ninguém usa. Vejo todo dia blocos de pessoas se arriscando pra atravessar ali na frente.

Pra variar, vai precisar morrer alguém. Mas alguém importante, porque a bibliotecária não vai chamar a atenção o suficiente uhahuauhauha (sem preconceito, apenas uma piada infeliz e condizente com a realidade)

Abração e toca ficha no teu blog. Serás incomodado da mesma forma por mim! uhauhuha

Aline disse...

Boa Fernandiooooooooooooo!!! Floripa está ficando um inferninho no trânsito mesmo! Beijos