quinta-feira, 4 de outubro de 2007

MEA CULPA

Creio que devo alguma explicação sobre os textos que publiquei/reproduzi recentemente, sobre o fechamento do Senado. Pareceu até que eu defendia o fechamento dessa casa legislativa.

No entanto, é justamente o contrário. Na verdade, quis mostrar que muitos setores da imprensa (e que alguns chamam de "mídia golpista") faziam pressão para extirparmos do país um câncer institucional. Todavia, erraram ao diagnosticar a doença: o câncer estava em alguns senadores, e não em todo o Senado.

A intenção, naqueles textos, era a de alertá-los para os perigos que os momentos de grande comoção nacional representam. Naquela época, a opinião pública, facilmente manipulável, tendia a apoiar qualquer "salvador da pátria" que se dispusesse a tomar o poder absoluto para "acabar com a corrupção". Qualquer semelhante à direita com o golpe de 1964, e à esquerda com Hugo Chávez, não é mera coincidência.

Vejam, nos meios de comunicação, que Rafael Correa - presidente equatoriano - pretende fechar o Legislativo daquele país, argumentando que é uma instituição corrupta. O pior é que grande parte da população equatoriana apóia a medida.

Fechar instituições públicas não é solução para resolver problema algum, ainda mais o da corrupção. Afinal, o poder da instituição fechada terá de deslocar-se para alguém, no caso, para um déspota, esclarecido... ou não. E, quando todo o poder estiver nas mãos desse déspota, será fácil corrompê-lo. A História já comprovou isso muitas vezes.

Infelizmente, não consegui disponibilizar um texto do Elio Gaspari alertando para esses perigos. Seus argumentos para a manutenção do Senado eram muito mais bem redigidos que os meus. Mas fica o alerta: é mais difícil, porém mais seguro para a democracia, moralizar o Senado, do que fechá-lo. Afinal, depois deste, quem virá? A Câmara? O Supremo Tribunal Federal? O voto direto e secreto?

Um comentário:

Reverendo disse...

Enquanto isso, o povo do lado do mundo apreensivo... não sabe se fica, não sabe se volta. Tá ruim dos dois lados, mas aqui tá menos pior. Abraços!