Um dos temas que mais atraem a atenção dos habitantes de Floripa deve ser o do transporte coletivo. Esse serviço público, que já provocou protestos acalorados de estudantes, deve ser o campeão de manifestações indignadas de seus usuários nos jornais locais. Chega a rivalizar com as mensagens relacionadas ao futebol catarinense e às estripulias governamentais na capital federal.
Percebi que muitas das reclamações de usuários do transporte coletivo concentravam-se na falta de horários nos fins de semana. Pelo jeito, utilizar os ônibus nesses dias deveria ser uma verdadeira epopeia (no sentido de uma seqüência de atos heroicos). Mas será que era mesmo assim tão assustador como falavam?
Resolvi comprovar a situação com a seguinte experiência: ir, de ônibus, a uma das praias mais distantes da ilha, em pleno final de semana. Seria uma experiência interessante, e ainda por cima ecologicamente correta. Mas não imaginei o quão heroicos teriam de ser os atos para cumprir esse objetivo.
A aventura começou num domingo desses de final de verão. Acordei pela manhã, vi o sol, arrumei-me e desci para o ponto de ônibus. Nele, deparei-me com uma considerável aglomeração de pessoas. “Que ótimo!” - pensei – “Se há tantas pessoas esperando, o ônibus deve passar logo”. Ledo engano. A espera prosseguiu por mais meia hora, sob um sol que começava a ficar escaldante.
Duas turistas conversavam, ou melhor, reclamavam da demora. Uma delas mencionou que devia ter acontecido alguma coisa, pois não era possível que tal demora fosse habitual. É, elas deveriam estar certas. Afinal, os ônibus não podem atrasar tanto, ainda mais em Floripa, cidade tão mencionada como exemplo de organização, não é mesmo?
Passados quarenta e cinco minutos desde que havia saído de casa, cheguei ao Centro da cidade. Faltava, agora, dirigir-me à praia. Escolhi a de Ponta das Canas, por ser tranqüila e estar no extremo norte da ilha. Fui procurar uma linha chamada “Ponta das Canas”. Não havia. Informaram-me que eu deveria pegar uma outra linha, até um terminal no norte da ilha, onde eu deveria entrar em outro ônibus para dirigir-me ao meu destino.
Não foi difícil encontrar a linha para o tal terminal. Ela estava bem ao lado de uma imensa fila. Coloquei-me no meu lugar e aguardei, civilizadamente, a minha vez de entrar no veículo. No entanto, quando as portas se abriram, todo aquele povo que também aguardava pacientemente a sua vez foi substituído por hordas selvagens que não se importavam em pisotear os menos acostumados à situação. Recuperado do susto, fui o último a entrar no ônibus. Mesmo assim, consegui um lugar bem confortável para viajar, naquele espaço que usualmente é reservado para a abertura da porta traseira, entre os degraus da escada e uma lixeira.
A viagem seguiu tranquila, se é que confinar 300 pessoas num espaço onde caberiam no máximo 100 delas pode ser uma tranqüilidade. E, tendo chegado vivo e quase inteiro ao terminal - e rezado umas preces de agradecimento por isso - fui procurar o ponto da terceira e última linha necessária para concluir a minha aventura. Essa foi fácil de encontrar; afinal, eu sabia o nome do lugar para onde eu iria. Só não sabia que a fila para ele estaria misturada com as filas para outras duas localidades. Por pouco, não entrei em um veículo que me levaria a muitos quilômetros do destino pretendido.
Depois de quase duas horas de viagem, cheguei ao meu destino. Claro, por muito pouco também não passei direto por ele, pois não encontrei nenhum ponto de descida. A sorte me fez descobrir que o ônibus pára em frente a um mercadinho, no qual não havia nenhuma indicação de parada. Mas “todo mundo sabe” que lá é o ponto de descida. Eu não sabia. Deve ser porque não tive acesso aos panfletos turísticos distribuídos em Buenos Aires, Porto Alegre e São Paulo, nos quais provavelmente estão descritos esses detalhes tão conhecidos do cotidiano das comunidades florianopolitanas.
Enfim, pude curtir a praia, com suas águas calmas, canchas de bocha e argentinos. Teria sido um dia muito agradável, não fosse a viagem de volta, na qual todas as agruras da manhã foram repetidas. E pensei que, numa próxima vez, talvez fosse melhor ir a Balneário Camboriú ou a Itapema, cujas praias estão mais distantes, porém de acesso mais fácil. Ou mandar às favas meus princípios ecológicos, aderir ao american way of life e ir de carro mesmo.
Percebi que muitas das reclamações de usuários do transporte coletivo concentravam-se na falta de horários nos fins de semana. Pelo jeito, utilizar os ônibus nesses dias deveria ser uma verdadeira epopeia (no sentido de uma seqüência de atos heroicos). Mas será que era mesmo assim tão assustador como falavam?
Resolvi comprovar a situação com a seguinte experiência: ir, de ônibus, a uma das praias mais distantes da ilha, em pleno final de semana. Seria uma experiência interessante, e ainda por cima ecologicamente correta. Mas não imaginei o quão heroicos teriam de ser os atos para cumprir esse objetivo.
A aventura começou num domingo desses de final de verão. Acordei pela manhã, vi o sol, arrumei-me e desci para o ponto de ônibus. Nele, deparei-me com uma considerável aglomeração de pessoas. “Que ótimo!” - pensei – “Se há tantas pessoas esperando, o ônibus deve passar logo”. Ledo engano. A espera prosseguiu por mais meia hora, sob um sol que começava a ficar escaldante.
Duas turistas conversavam, ou melhor, reclamavam da demora. Uma delas mencionou que devia ter acontecido alguma coisa, pois não era possível que tal demora fosse habitual. É, elas deveriam estar certas. Afinal, os ônibus não podem atrasar tanto, ainda mais em Floripa, cidade tão mencionada como exemplo de organização, não é mesmo?
Passados quarenta e cinco minutos desde que havia saído de casa, cheguei ao Centro da cidade. Faltava, agora, dirigir-me à praia. Escolhi a de Ponta das Canas, por ser tranqüila e estar no extremo norte da ilha. Fui procurar uma linha chamada “Ponta das Canas”. Não havia. Informaram-me que eu deveria pegar uma outra linha, até um terminal no norte da ilha, onde eu deveria entrar em outro ônibus para dirigir-me ao meu destino.
Não foi difícil encontrar a linha para o tal terminal. Ela estava bem ao lado de uma imensa fila. Coloquei-me no meu lugar e aguardei, civilizadamente, a minha vez de entrar no veículo. No entanto, quando as portas se abriram, todo aquele povo que também aguardava pacientemente a sua vez foi substituído por hordas selvagens que não se importavam em pisotear os menos acostumados à situação. Recuperado do susto, fui o último a entrar no ônibus. Mesmo assim, consegui um lugar bem confortável para viajar, naquele espaço que usualmente é reservado para a abertura da porta traseira, entre os degraus da escada e uma lixeira.
A viagem seguiu tranquila, se é que confinar 300 pessoas num espaço onde caberiam no máximo 100 delas pode ser uma tranqüilidade. E, tendo chegado vivo e quase inteiro ao terminal - e rezado umas preces de agradecimento por isso - fui procurar o ponto da terceira e última linha necessária para concluir a minha aventura. Essa foi fácil de encontrar; afinal, eu sabia o nome do lugar para onde eu iria. Só não sabia que a fila para ele estaria misturada com as filas para outras duas localidades. Por pouco, não entrei em um veículo que me levaria a muitos quilômetros do destino pretendido.
Depois de quase duas horas de viagem, cheguei ao meu destino. Claro, por muito pouco também não passei direto por ele, pois não encontrei nenhum ponto de descida. A sorte me fez descobrir que o ônibus pára em frente a um mercadinho, no qual não havia nenhuma indicação de parada. Mas “todo mundo sabe” que lá é o ponto de descida. Eu não sabia. Deve ser porque não tive acesso aos panfletos turísticos distribuídos em Buenos Aires, Porto Alegre e São Paulo, nos quais provavelmente estão descritos esses detalhes tão conhecidos do cotidiano das comunidades florianopolitanas.
Enfim, pude curtir a praia, com suas águas calmas, canchas de bocha e argentinos. Teria sido um dia muito agradável, não fosse a viagem de volta, na qual todas as agruras da manhã foram repetidas. E pensei que, numa próxima vez, talvez fosse melhor ir a Balneário Camboriú ou a Itapema, cujas praias estão mais distantes, porém de acesso mais fácil. Ou mandar às favas meus princípios ecológicos, aderir ao american way of life e ir de carro mesmo.
4 comentários:
Antes de mais nada: PARABÉNS por tanta BRAVURA! ahahahha
Ir pra praias do norte de VERDÃO é algo que não faço há tempo. A ultima vez que ousei pegar o VERDÃO para voltar dos Ingleses para o Centro, levei mais de 2 horas.
Quando não tenho como ir para a praia, vou de "AMARELINHO". Desses não tenho o que reclamar. Na ultima semana, a empresa Canasvieiras comprou, no mínimo, mais uns 10 onibus executivos novos.
Pelo menos agora as pessoas andam mais confortáveis...
Ah, com relação a fila e a "avalhance" de pessoas que invadem os onibus é uma putaria mesmo. Mãs, reclamar disso, como dizem, é coisa de mal humorado, velho, barraqueiro... ai ai, Brasil il il il...
Hahaha saudade dessas roubadas! Só não recomendo de jeito nenhum pegar o madrugadão que passa pelo continente. Ou o madrugadão durante a festa da santíssima cocada.
Quem sabe um dia eu me anime contar a raríssima experiência de pegar um ônibus aqui. É tudo bem ao contrário.
PS> As rodoviárias de Itapema e BC são longe das praias. Ainda bem que não precisei de transporte coletivo quando fui pra lá. Mas você teria coragem de pegar uma praia em balnicas?
Haha
abraço!
Eu peguei praia em Balnicas esse verão. E, por mais que o pessoal me dissesse que o Balneário tá saneado, etc. e tal, aquela areia cinzenta é deveras suspeita. Principalmente no Pontal Sul, onde andaram dragando o rio...
Eu praticamente desisti de ir pra praia no verão em Floripa. Fila pra ir, pra voltar, pra entrar na praia, pra colocar a cadeira, pra entrar na água, pra sair dela...
Obrigado por Blog intiresny
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