sábado, 22 de setembro de 2007

PEDALANDO E ANDANDO

Hoje é o Dia Mundial Sem Carro. Ponha um pouco de consciência na cabeça e deixe o seu na garagem.

Aproveite e faça isso mais vezes durante o ano.

terça-feira, 18 de setembro de 2007

FALTA CACCIOLA

Quer dizer que é difícil o Salvatore Cacciola ser entregue à Justiça brasileira porque o Brasil não tem um tratado de extradição com Mônaco? Que não tenha com países em estado de beligerância, vá lá, mas com países que sejam mais ou menos organizados é inadmissível.

E o Brasil ainda quer se inserir na ordem internacional? Ainda quer que o mundo não o veja como um lugar para onde a bandidagem pode fugir sem medo de ser enviada de volta ao país que a condenou?

O Itamaraty faz o quê, então? Rasgação de seda com a Venezuela?

Engraçado é que com Cuba não precisou nem de tratado...

domingo, 16 de setembro de 2007

SENADO PARA QUÊ?

Eis uma boa hora para repensar uma casa que, além de inútil, pode ser malsã.

(Ensaio de Roberto Pompeu de Toledo - uma das secções ainda sérias na Veja - publicado esta semana)

Muitos países vivem sem Senado e não são menos felizes, ou mais infelizes, por causa disso. Israel é um bom exemplo. Portugal é outro. São países que adotam o chamado sistema "unicameral", o do Poder Legislativo sediado em uma única casa, a Câmara (ou Assembléia) dos Deputados. Há, na teoria, argumentos pró e contra o unicameralismo ou o bicameralismo. No Brasil, a velhos argumentos contra a existência do Senado, somou-se, na semana passada, um novo. Os velhos argumentos são:

• O Senado torna o Poder Legislativo repetitivo e lento. O processo de uma lei passar pela Câmara, depois ir para o Senado, depois voltar para a Câmara se houver modificação no Senado, e depois até talvez voltar para o Senado se houver modificação na Câmara, produz cansaço e exasperação. No meio do caminho, perde-se o interesse e arrisca-se comprometer a oportunidade da lei. Quando se tem em conta que, em cada casa, o projeto passa por diferentes comissões especializadas, o cansaço e a exasperação crescem. As comissões existem para peneirar as propostas, examinando-as sob diversos pontos de vista. Com isso, instala-se um processo de revisão que torna redundante o "poder revisor" que se atribui ao Senado.

• A existência de duas casas legislativas resulta em concorrência de uma contra a outra. Muitos são os exemplos de rivalidade nociva entre Câmara e Senado. Fiquemos em um, recente: a instalação das chamadas CPIs "do apagão aéreo". Como não houve acordo para criar uma comissão mista (as vaidades são muitas, e a tela da televisão é pequena), criaram-se duas, uma no Senado e outra na Câmara. Resultado: duplicação de depoimentos, conclusões discordantes, desperdício de energia e perda de credibilidade.

• A especificidade do Senado dilui-se no sistema brasileiro. A especificidade do Senado é representar os estados, enquanto a Câmara representa o povo. No Senado, os estados são representados por igual, à razão de três senadores cada um. Na Câmara, um estado será tão mais representado quanto maior for sua população. Isso na teoria. Ocorre que, pela legislação brasileira, há um número mínimo (oito) e um máximo (setenta) de deputados por estado. Isso faz com que a população de estados pequenos seja super-representada e a dos grandes sub-representada. Roraima, com 400.000 habitantes e oito deputados, tem um deputado para cada 50.000 habitantes, enquanto São Paulo, com 40 milhões de habitantes e setenta deputados, tem um para cada 570.000. A população de São Paulo vale, na Câmara dos Deputados, onze vezes menos do que a de Roraima. Tal sistema existe, segundo seus formuladores, para proteger os estados menores e tornar mais equitativa, na Câmara, a presença das diversas unidades federativas. Ora, não é o Senado a casa da representação equitativa dos estados? Se a Câmara usurpou esse papel, para que o Senado?

• O Senado é em larga parte biônico. "Biônico" era o apelido, na ditadura, do senador nomeado, invenção do regime para não perder o controle da casa. Eram senadores sem voto. Pois mais de vinte anos depois da redemocratização continuam a existir os senadores biônicos, agora na pessoa do "suplente", aquele de quem ninguém ouve falar na campanha eleitoral e, quando menos se espera, lá está, ocupando uma cadeira para a qual se votou em outro. Um caso recente é o do senador Euclydes Mello, do PTB de Alagoas. O eleito Fernando Collor saiu para dar uma volta e assumiu o primo suplente. Outro caso recente é o de Gim Argello (PTB-DF), que despontou para a vaga de Joaquim Roriz com um rico elenco de suspeitas sobre sua cabeça, mas que teve a posse assegurada pelo voto amigo do presidente Renan Calheiros. A presença dos biônicos deslegitimiza a casa.

• O Senado não cumpre deveres que lhe são específicos. Cabe-lhe com exclusividade aprovar as indicações de ministros do Supremo Tribunal, embaixadores e membros das agências reguladoras. É uma tarefa nobre e útil, que mais nobre e útil seria se fosse exercida com cuidado e competência. Não é o caso. Na aprovação da notória diretoria da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), o Senado comportou-se com a habitual leviandade, antes como carimbador das propostas do Executivo do que como poder verificador e equilibrador das decisões do outro.

A esses argumentos acrescentou-se, na semana passada, evidenciado em toda sua extensão, o mal do "clubismo". Por ser uma casa pequena, onde todos se conhecem bem, o Senado é ambiente propício às cumplicidades, à troca de favores e à venda de lealdades. Não foi outra a causa da absolvição de Renan Calheiros. O clube se fechou em torno dele (ou, pelo menos, a maioria do clube), num processo de escora mútua: eu protejo você hoje e você me protege amanhã, eu finjo que não vejo o que você fez e você finge que não vê o que eu faço, e vamos todos juntos, que o barco soçobra e se um cair ao mar corremos todos o risco de lhe fazer companhia. O clube é uma instituição malsã porque, em vez de ao estado e à nação, tende a servir a si mesmo, a suas trapaças e a suas malfeitorias.

quinta-feira, 13 de setembro de 2007

SEM NADA FEDERAL

Não há como deixar passar o dia de hoje sem cair no lugar-comum de toda a imprensa: a (não)cassação do Senador Renan Calheiros.

Como bem disse Jânio de Freitas hoje na Folha de São Paulo, Renan é o cara certo no lugar certo. Afinal, se as relações do Governo com o Parlamento ocorrem na base dos "mensalões" e da liberação de emendas orçamentárias, nada melhor do que um pacato bovinocultor alagoano para intermediá-las.

Sua absolvição é apenas um reflexo do desmanche a que as instituições do Estado - em todos os níveis - se submeteram desde a Independência.

Tínhamos uma Justiça. Faz tempo que não podemos contar com ela, como já afirmei aqui. Dizem que já tivemos um Parlamento. Nesse caso, não sei se é verdade, pois deve ter sido bem antes de eu nascer.

Há tempos, houve Estado e Governo. O Estado minguou, submetendo-se a um governo que se desvirtuou para um Leviatã que suga quase a metade dos nossos recursos, sem oferecer nada em troca.

Do Estado, o que temos, hoje, é nada. Mesmo sugando quase a metade dos recursos, o que deveria oferecer de volta não aparece. IPVA para custear as estradas? Some-se a ele os pedágios. CPMF para a saúde? Que saúde? Ou morremos na fila do SUS, ou entregamos de 3 a 5% de nossa renda para as Unimeds da vida. CIDE para conservar e ampliar a infra-estrutura de transporte? Então por que pagamos (altas) taxas de embarque nas passagens aéreas? Para financiar os aeroshoppings da Infraero?

Está aberta a temporada de salvadores da pátria. Com a total putrefação das instituições, agora só nos resta que um Hugo Chávez genérico apresente-se para fechar o Congresso Nacional e nos imponha um novo caudilhismo.

Aposto que, no dia de hoje, ele teria o apoio incondicional de grande parte da população. Olhem os jornais: já existem colunistas defendendo a extinção do Senado.

quinta-feira, 6 de setembro de 2007

ASSEMBLEIA LEGISLATIVA CULTURAL E RECREATIVA DE SANTA CATARINA

As Assembleias Legislativas estaduais, por força da Constituição de 1988, têm competência residual. Isso quer dizer que elas podem legislar sobre tudo o que não for competência da União Federal ou dos municípios.

Na prática, elas não podem legislar sobre quase nada, pois o rol de competências legislativas da União e dos municípios é bastante extenso. Assim, os deputados estaduais passam os dias a discursar e a aprovar documentos eufemistamente podemos classificar como pitorescos.

Vejamos alguns exemplos de leis aprovadas pela Assembleia Legislativa de Santa Catarina nos últimos dois meses:

  • Lei 14.078, de 6/8/2007: cria o Selo Empresa Cidadã de Santa Catarina, a ser concedido as empresas privadas que instituírem e comprovarem melhorias na qualidade de vida e de trabalho em seu balanço social.
  • Lei 14.079, de 6/8/2007: denomina Padre Huberto Waterkemper o ginásio de esportes da Escola de Educação Básica Gama Rosa, no Município de São Pedro de Alcântara.
  • Lei 14.073, de 31/7/2007: concede título de Cidadão Catarinense ao senhor Marco Antônio Tebaldi.
  • Lei 14.074, de 31/7/2007: institui o Dia do Massoterapeuta no Estado de Santa Catarina.
  • Lei 14.060, de 23/7/2007: reconhece o Município de União do Oeste como capital catarinense do boi no rolete
  • Lei 14.044, de 9/7/2007: declara de utilidade pública a Associação Josefense de Amor Exigente, de São José.

Títulos honoríficos a cidadãos e a municípios ("capital catarinense do boi no rolete" foi de doer), denominação de ginásios escolares (o diretor da escola não poderia fazer isso?), declarações de utilidade pública de entidades obscuras (que diabos é "amor exigente"?)... Por tudo isso, podemos ver o quanto nossos representantes andam atarefados. Mas não os culpo. Afinal, isso é só o que lhes é permitido fazer.

Por essa razão questiono a atual configuração federativa no Brasil. Muitas das atribuições que poderiam ser estaduais ficaram com a União ou foram transferidas diretamente aos municípios.

Se é para ser assim, para que servem os Estados?

domingo, 2 de setembro de 2007

SE A MODA PEGA...

Prefeito russo proíbe "desculpas esfarrapadas" de funcionários


do Terra


O prefeito da cidade de Megion, no oeste da Rússia, divulgou uma lista de desculpas que ele diz que não vai tolerar entre os funcionários públicos municipais.

A assessoria de imprensa da Prefeitura afirmou que a lista contém 27 frases proibidas. Entre elas estão "Não sei" e "Estou em horário de almoço".

O prefeito, Alexander Kuzmin, explicou sua decisão dizendo que os funcionários municipais deveriam ajudar a melhorar a vida dos cidadãos, resolvendo seus problemas e não inventando desculpas.

Ele também afirmou que estava cansado de ouvir os funcionários dizerem que era impossível resolver os problemas, em vez de oferecer soluções práticas.

Kuzmin alertou ainda, em um pronunciamento, que "o uso das expressões por funcionários públicos em conversas com o chefe da cidade vai fazer apressar suas demissões".

Veja aqui.